O Instituto Água e Terra (IAT) emitiu um alerta aos visitantes de Unidades de Conservação (UC’s) do Paraná para que não consumam água das fontes naturais destes locais. O motivo do comunicado, infelizmente, são os péssimos hábitos justamente de quem deveria zelar pelos parques: os frequentadores. Comportamentos prejudiciais como o descarte irregular de embalagens, restos de alimentos e até mesmo fezes, são alguns dos fatores apontados pelo IAT para a emissão do alerta. Esse tipo de hábito pode contaminar a água e gerar doenças para quem a consome.
Exames laboratoriais feitos na água coletada de uma das fontes do Parque Estadual do Pico Paraná revelaram alteração nas características desse recurso. Foram encontrados índices alterados da bactéria Escherichia coli e de coliformes, possivelmente pela presença de fezes na fonte.
A bióloga do IAT e chefe do Parque Estadual Pico Paraná, Marina Rampim, reforçou em entrevista à Rádio Band News que é preciso responsabilidade por parte dos visitantes. “Para isso melhorar, a gente precisa que as pessoas coloquem a mão na consciência e comecem a repensar esse hábitos. As pessoas acham que se deixar um lixinho aqui, uma casca de banana ali, não vai acontecer nada. Acontece que a decomposição na montanha é bem diferente do que em outros ambientes, demora-se muito mais tempo e tudo que é deixado na montanha uma hora desce”, disse.
Para prevenir esta situação, ao consumir comidas e bebidas, a orientação é sempre levar o lixo junto, mesmo com resíduos orgânicos. No caso das unidades onde o camping é permitido, outra indicação é o uso do shit tube, um recipiente com cal usado para armazenar fezes até a saída do parque, onde o lixo pode ser descartado em um local apropriado.
A bióloga também frisou ser fundamental que as pessoas se informem sobre regras antes do passeio. “As pessoas às vezes vêm desinformadas para o Parque e não sabem como se portar na montanha, o que fazer e o que não fazer. Então, sugiro que antes de irem para um Parque que se informem antes, que entrem no site da instituição que faz a gestão e se informem sobre essas orientações”.
Para contornar a situação da contaminação da água, é necessário a aplicação de algum método de desinfecção da água, como pastilhas de cloro (Clorín), produzido exclusivamente para o consumo humano.
Em todo o estado, são quase 30 unidades de conservação abertas ao público, como os parques estaduais Guartelá, Vila Velha e Ilha do Mel.
Consciência e impacto ambiental
Infelizmente, são comuns relatos de montanhistas que encontram objetos “bizarros” nas Unidades de Conservação aqui no estado. Nos últimos dias circularam em grupos de whatsapp relatos de pessoas que encontraram um “cooler” abandonado na trilha que dá acesso ao Pico Paraná. Também já foram relatados encontros de colchões infláveis, roupas, sacos de dormir, entre outros objetos que talvez nem deveriam ter chegado àqueles lugares.
Deve-se deixar bem claro que a ideia não é restringir o acesso de determinados públicos às Unidades de Conservação. A convivência na natureza tem que ser para todos. No entanto, é necessário que quem não se preocupa com o meio que está visitando tenha a devida consciência de que o seu próprio bem-estar também depende de um lugar limpo e saudável. Não se trata de papo de ecochato, mas sim de quem tem discernimento sobre qual o seu papel na sociedade.
Importante ressaltar ainda a importância da contratação de guias credenciados para os passeios. Esses profissionais são responsáveis por orientar, guiar e conduzir o grupos em áreas remotas. Além disso, um bom guia vai orientá-lo com relação às melhores práticas em ambientes naturais, como o descarte adequado de resíduos, ações de mínimo impacto e preservação ambiental.