Mínimo Impacto para atividades ao ar livre

Existe uma expressão que diz que por onde o ser humano passa, há impacto. Com certeza ela é verdadeira. Mas, a partir do momento em que o impacto existe, ele pode ser minimizado. Pelo menos, essa é a ideia do conceito do Mínimo Impacto, que é uma adaptação do termo original (em inglês), “Leave no Trace” (Não deixe rastros). O objetivo dos princípios do Mínimo Impacto é justamente fazer com que os praticantes de atividades em áreas remotas de natureza selvagem, parques nacionais e unidades de conservação gerem o mínimo impacto a partir dos deslocamentos feitos nestes locais. 

Rio Betari – Iporanga, SP. Foto @graciosaterra

Diante disso, o presente artigo tem como objetivo apresentar o conceito do Mínimo Impacto, com o intuito de ajudar a transformar o contato com o esporte outdoor e com o meio ambiente em uma atividade saudável e sustentável, gerando benefícios não só para a natureza, mas também para a comunidade local, conscientizando os praticantes com boas práticas socioambientais no ambiente outdoor. 

Entre as principais práticas de turismo de natureza, obviamente está o montanhismo e é justamente ela uma das que mais gera impactos no ambiente natural, já que as montanhas são ecossistemas extremamente frágeis e suscetíveis a alterações. Isso tudo aliado a um aumento desenfreado do número de visitantes em parques, muitos sem o mínimo de consciência ambiental, é uma verdadeira bomba-relógio para esse tipo de ambiente.

Trilha Cânion da Faxina – São Luiz do Purunã, PR. Foto @graciosaterra

Os esportes de natureza ganharam muitos adeptos nos últimos anos 

Com a popularização do esporte de montanha, a conservação e o mínimo impacto passaram a ser pauta importante para manter os atrativos naturais conservados. Por isso, é de extrema importância sensibilizar os praticantes de esportes outdoor que as práticas de mitigação de impactos não são mera conversa. 

8 Dicas para o Mínimo impacto

Planejamento
É imprescindível que o praticante conheça as regras locais, como itens obrigatórios e o que é permitido, ou não, naquele ambiente. Também é importante sempre respeitar a sinalização, caso exista, das trilhas e caminhos locais. Deve-se atentar às características do seu percurso, como pontos de apoio, informações e condições climáticas e os equipamentos necessários para uma experiência positiva e de bom desempenho.

Rapel no Setor 1 – Balsa Nova, PR. Foto @graciosaterra

Segurança em primeiro lugar
Você é o principal responsável pela sua segurança. Áreas remotas geralmente possuem uma logística complexa de resgate, por isso conheça seus limites e seu nível técnico para a atividade. É muito importante estar preparado para desafios e situações adversas, imprevistos sempre acontecem e você deverá estar preparado, principalmente em uma situação crítica.

Pé na Lama
Utilize sempre trilhas demarcadas. Este trajeto foi pensado para sua caminhada ser segura e para que o ambiente receba um mínimo impacto, concentrando as pegadas no mesmo local. Caso a trilha esteja mais fechada que o comum ou lamacenta, encare como um desafio e passe pela água, evitando de abrir a trilha e fazendo grandes corredores. Abrir novas trilhas cria outra região de degradação.

Cachoeira Salto do Saci – Bairro Alto – Antonina, PR. Foto @graciosaterra

Não deixe nada além de pegadas

Infelizmente, ainda é comum encontrar lixo nas trilhas. Tudo que se leva é necessário trazer de volta, inclusive pequenos plásticos que se perdem facilmente na vegetação. Guarde seus resíduos produzidos durante a trilha e destine no descarte correto ao final da trilha. Também é de muito bom grado juntar o rastro daqueles que ainda não se conscientizaram, uma ação de bom exemplo às vezes vale mais que qualquer palavra. Afinal, o importante é preservar o ambiente limpo e saudável.

Não leve nada além de recordações
Não recolha pedras ou plantas como lembranças de suas aventuras. Estes materiais pertencem ao ambiente natural e cumprem suas funções para o equilíbrio ambiental da região. Leve apenas boas memórias e histórias para contar.

Respeite a natureza
Mantenha uma distância segura de animais e proteja ao máximo as espécies de vegetais que encontrar pelo caminho. Cada espécie possui sua importância no meio ambiente e faz o ecossistema funcionar corretamente. Lembre-se que a floresta serve de morada para muitas formas de vida e garantem a nossa também.

Gentileza gera gentileza
As trilhas são de todos, portanto, respeite as pessoas que praticam do mesmo estilo de vida outdoor, seja qual for a prática ou esporte. Tenha empatia e cultive uma comunicação saudável.

Fogo NÃO!
Cuidado com materiais de vidro, papel e inflamáveis em geral. Incêndios em áreas naturais costumam se alastrar rapidamente e são de difícil combate, sendo necessário uma equipe especializada de combate a incêndio.

Canionismo na Serra do Mar – Foto @graciosaterra

Prática de esportes pode (e deve) ser aliada da conservação e preservação

Enquanto praticamos esportes outdoor, devemos entender como podemos conservar e preservar esses ambientes que tanto amamos, debatendo o potencial que os esportes proporcionam para o desenvolvimento de uma sociedade mais consciente, sustentável, justa, saudável e harmônica. 

O esporte, sem dúvidas, pode ser um importante vetor para que esse processo aconteça, estando em consonância com os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável – ODS, que propuseram ações integradas que visam um mundo mais igualitário, próspero e ambientalmente equilibrado até 2030. Mas como isso é possível? Veja alguns exemplos a seguir:

Global Big Day – Observação de Aves – Reserva Natural Salto Morato – Foto @graciosaterra

ODS 4 – Educação
A prática dos esportes de natureza proporciona o desenvolvimento do autoconhecimento, o qual instiga a busca por informações de aspectos externos, como logística e planejamento. Esse tipo de conhecimento pode colaborar para uma evolução saudável e inteligente, com melhor entendimento sobre o mundo, impulsionando uma educação colocada em prática de quem vive e sente na pele tudo que estuda.

ODS 5 – Igualdade de gênero
Os esportes outdoor possuem enorme potencial para combater a discriminação de gênero e promover o empoderamento feminino. Incentivando a socialização e a diversidade, revelando a força que existe dentro de cada um, desenvolvendo a autoestima, independência e protagonismo que vão muito além da prática esportiva.

Guaraqueçaba X Paranaguá – foto: @graciosaterra

ODS 8 – Crescimento econômico
Os viajantes e aventureiros investem frequentemente em treinamentos, equipamentos e roupas específicas para realizar suas aventuras. O esporte é responsável por movimentar um mercado que cresce a cada ano, gerando renda e empregos de qualidade. 

ODS 9 – Indústria Sustentável
Aventureiros e atletas devem, enquanto cidadãos, exigir cada vez mais a consciência na fabricação e descarte de equipamentos. Soluções e tecnologias sustentáveis devem ser empregadas, aumentando a eficiência e reduzindo o desperdício.

Travessia dos Lençóis Maranhenses – Foto @graciosaterra

ODS 10 – Desenvolvimento local
O turismo em áreas e vilarejos afastados dos grandes centros urbanos promove o desenvolvimento de comunidades locais, que oferecem alimentação, hospedagem, estacionamento, cultura, lazer e manutenção, garantindo uma experiência positiva aos visitantes.

ODS 12 – Consumo consciente
Entenda e pesquise se o seu equipamento é realmente adequado para as suas atividades, evitando acúmulo e produção desnecessária. Também devemos buscar junto aos fabricantes a destinação dos equipamentos sem uso, dando novas funções ou descartando corretamente.

Voo Livre em São Luiz do Purunã, PR. Foto @graciosaterra Piloto: Lucas B. Cardoso

ODS 15 – Conservação
As atividades de montanhismo, escalada, rapel, voo livre e outros esportes outdoor são atividades de baixo impacto e compatíveis com a conservação da natureza, quando praticadas com consciência. Sendo assim, são alternativas econômicas sustentáveis para investidores que buscam alternativas aliadas ao meio ambiente. Procure sempre por iniciativas que praticam compensação ambiental e que cuidam da natureza e das trilhas da sua região. 

Agora que você sabe tudo sobre Mínimo Impacto, coloque tudo em prática sempre que for praticar seu esporte outdoor preferido e repasse esse conhecimento para frente! A união de todos nós deixará nossos ambientes naturais mais saudáveis e apropriados para as práticas esportivas.